domingo, 14 de julho de 2013

A dor de ser perfeito!

Quando o Chorão morreu eu lembro que conversei com uma amiga e ela disse que na hora que ela descobriu que era overdose ela ficou muito brava.
Eu já lembro que não fiquei, porque eu realmente não me surpreendi, não porque acho certo, mas simplesmente é porque eu entendo o porque uma pessoa acaba usando drogas.
Uma vez ouviu uma pregação do Padre Fábio que dizia que uma pessoa que realmente se ama não fará nada contra ela mesma, e essa é verdade.
Se eu me amasse eu não agiria contra mim de forma alguma.
E, sinceramente, é fácil julgar.
Ontem eu falava disso com meus primos, falei principalmente sobre a Demi...
As pessoas colocam nos outros uma pressão de perfeição desumana, as pessoas precisam sempre dar exemplo, serem o melhor que todo mundo quer, principalmente as pessoas famosas, isso, novamente, é desumano, ninguém merece viver com esse peso sobre os ombros, ninguém e é nesse momento que as coisas simplesmente desandam.
Como contar pra alguém que você está triste, que você erra, que você sofre quando o que os outros querem ouvir é que você ama o que faz, que você está ótimo?
Como decepcionar todas aquelas pessoas que apostam todas as moedas delas em você?
Como chorar quando o que todos querem é sorriso?
Como explicar que sua vida não é perfeita quando todos acham que é?
Como dizer que na verdade é um pesadelo quando todos dizem que é um sonho?
Nesse momento que você simplesmente não pode ser você de verdade você começa a procurar algo que simplesmente alivie a sua dor, a minha válvula de escape sempre foi e acho que sempre será escrever e ouvir música, mas isso não funciona pra todo mundo, e as vezes, pra mim também não adianta e aí eu tento outras coisas, nem sempre coisas boas, mas as vezes a dor precisa sair se não eu explodo, por isso eu entendo quem se machuca, quem se droga, não estou fazendo apologia a nada, não acho certo, apenas digo que entendo.
Pra algumas pessoas algumas coisas são simplesmente práticas, "se incomoda MUDE", mas nem todos conseguem simplesmente mudar, eu entendo quem é prático, mas também entendo quem não é.
Principalmente as pessoas que tem "alma de artista" sofrem muito, não mais que os outros, mas de um modo diferente, quem é artista simplesmente sente diferente e na maioria das vezes não se aceita, não aceita ser uma arte tão perfeita quanto gostaria, assim como não aceita que um quadro, uma cena não seja tão perfeita quanto o vislumbre que um dia ele teve diante de sua imaginação, a imperfeição simplesmente dói, e o desejo de ver perfeito sufoca.
Por isso não julgo o Chorão, é só ler com verdade todas as músicas dele... Alguém que escreveu com tanta verdade tinha dentro de si uma carga emocional que poucos seriam capazes de suportar.
Toda vez que ouço "Clarisse" do Renato vejo escrita numa música dores que eu vivi e dores que muitos vivem, como alguém escreveria isso sem nunca ter sentido nada do gênero?
E como lidar com isso?
Como?
As pessoas são diferentes e o modo de lidar com a dor é diferente.
Eu sou católica, creio em Deus e sei que Ele é o grande senhor de tudo, o único que pode realmente cuidar de tudo, eu sei e não quero fazer apologia a nada que vá contra os mandamentos e a doutrina da minha Igreja, Igreja que amo e escolhi ser filha e serva, mas eu simplesmente estou dizendo que a vida não é simples e amargamente preta e branca.
Talvez se fossemos além das críticas, dos julgamentos seriamos capazes de amar, capazes de não esperar, de não sufocar e capazes de ao invés de ficarmos bravos, abrirmos os braços e deixar que as pessoas se sintam seguras em nosso colo.
A segurança de um amor que ama independente das nossas fraquezas nos faz mais fortes.
Se sentirmos que não precisamos mentir, não mentiremos.
Se houver uma pessoa no mundo que alguém possa ligar de verdade, a qualquer hora e qualquer lugar para dizer a VERDADE a pessoa não irá buscar consolo em outro lugar, pelo menos não com tanta frequência.
Deixe de buscar em alguém a perfeição, você não sabe quanto, quanto dói ter que ser perfeito e saber que você NUNCA vai ser.
Pare de julgar alguém porque ele foi fraco, tenta olhar o que foi bom e não simplesmente o que foi ruim.
Ver a morte de um jovem ator hoje de manhã não me trouxe dor porque provavelmente ele morreu de overdose, me doeu porque ele foi uma pessoa boa pra aqueles que realmente estavam do seu lado, me doeu porque mais uma vez a pressão foi maior que o amor, me doeu porque, porque doeu.
Não julguem, busquem respostas, busquem onde o amor que você deu foi menor que o pressão que você fez, a pressão a outras pessoas que você ainda faz.
Antes de sermos atores, famosos, artistas, cantores, modelos, pessoas públicas, tios, tias, primos mais velhos, irmãos mais velhos, mães, pais, filhos, padres, pastores, cristãos, somos HUMANOS e essa posição incluí imperfeição, fraqueza e humanidade, não se esqueça disso!

eu acabei contando

Ontem eu fiquei por muito tempo sentindo uma dor maior que eu sufocando meu peito, esses dias têm me deixado triste, tenho estado triste, só não sei porque, talvez algo esteja voltando.
E ontem eu sabia que algo ia acontecer, eu só sabia.
Quando começamos a conversar eu não pretendia contar nada de novo e nem de antigo e quando vi que já estava contando tudo e vi minhas primas que vi crescer, que peguei no colo chorando porque na verdade eu sou e sempre fui fraca vou um tanto esmagador.
Ver uma das minhas pequenas limpando as lágrimas por saber que eu na verdade não sou nada daquilo que ela pensou que eu era foi triste.

Eu sempre tentei ser forte, principalmente pelos meus primos mais novos, sempre quis ser exemplo pra eles, mas na verdade eu não sou, nunca fui, talvez eu nunca teria coragem de machucá-los, nunca teria coragem de dizer a verdade, mas ontem tudo simplesmente saiu, talvez eu não queira nunca mais ser exemplo, talvez eu nunca mais queira que me vejam como eu não sou.

E hoje eu simplesmente queria dormir por um bom tempo, um tempo muito grande.

sábado, 13 de julho de 2013

Voltando a escrever

Faz um certo tempo que não escrevo, não apenas aqui, faz um certo tempo que não escrevo nada sobre mim, sobre o que estou sentindo, uma lástima, afinal tinha que ter escrito nesses dois meses no diário que minha psicologa me deu com tanto carinho, mas simplesmente não consegui, apenas vivi por um tempo, sem tentar pensar, o que foi burrice, porque andei apenas passando, e muitas vezes prestando mais atenção em coisas alheias do que em mim, em como melhorar, e isso, pessoalmente, pra mim, é um erro.

Gostei de saber que tenho interesses diversos e que sou uma pessoa que ama, mesmo que esse amor pareça estranho, rs, aprendi isso errando, mas todos sabem que de um mal pode-se tirar algo bom, foi isso que experimentei esses meses, agora é o momento de saber dividir as coisas alheias com as quais devo continuar a me preocupar e as que não, enfim, mas esse texto inicial nada tem a ver, ou talvez tenha, não sei, sobre o que quero dizer, apenas precisava colocar pra fora o porque não estava escrevendo sobre mim.

Enfim, faz um tempo que não leio realmente, tenho 3 livros iniciados - fora todos os outros - que preciso terminar de ler, mas sinceramente não gosto de livros "técnicos", aqueles que não tem história, realmente já li alguns, mas particularmente acho-os monótomos, chatos, e acabo deixando pelo início, não me acostumei, ainda, a forçar-me a terminá-los, na verdade gosto de histórias com histórias, haha, livros que me tragam a oportunidade de ver a vida de uma pessoa fictícia pela ótica de outra pessoa, ver uma pessoa sutilmente expressar algo que talvez tenha dentro de si através de um emaranhado de contos que nunca existiram, gosto principalmente de livros que não tem continuação, que no mesmo volume começam e se findam, acho que fiquei assim depois de ler Harry Potter, era esmagador esperar o próximo volume e depois dessa coleção que em nenhum momento me decepcionou, criei um medo de nenhuma série chegar aos pés e por isso me mantive a par de séries, provavelmente estupendas, também tem o fato de eu querer, mas não ter grana suficiente pra comprar 50 mil livros, enfim, mas eu gosto de livros que não são manuais, muito menos auto-ajuda, gosto de histórias, principalmente aquelas que são esmagadoramente reais mesmo sendo falsas.

E depois de "Garotas de Vidro" não tinha sido atraída por nenhuma outra história (preciso sentir atração pelo livro antes de lê-lo, pode parecer estranha essa frase, mas é a verdade. Nenhum livro que não tenha me atraído antes de eu comprá-lo eu consegui terminar de ler, lembro por exemplo de Nárnia, não conhecia o livro, tinha visto o filme, mas a capa me encantou e por isso o comprei e hoje o considero o melhor livro que tenho, aconteceu algo parecido com "A menina que roubava livros", vi uma vez uma foto de um conhecido, não tão conhecido, com o livro nas mãos, nem dava pra ver a capa direito, mas eu me apaixonei e o ganhei pouco tempo depois de um amigo, demorei pra lê-lo, mas ele era incrivelmente atraente e a lembrança do amor pela capa me fez nunca desistir de um dia terminar e da mesma forma "Garotas de vidro" simplesmente fixou meu desejo de uma maneira que não resisti), e depois que terminei de lê-lo não li mais nenhum, comecei, mas não terminei e acontece que vi na internet sobre o livro "A culpa é das estrelas" e achei bem interessante os comentários e os fragmentos do livro que as pessoas tem publicado por aí e eu decidi que DEFINITIVAMENTE eu precisava deste livro.
E ontem eu fui comprá-lo, não é um livro comum, sei que precisarei lê-lo duas vezes pelo menos, isso não é algo que eu faço comumente, mas quando estava na página 69 eu já tinha certeza que isso seria necessário, ele é fácil de ler, envolvente, mas há palavras fora do habitual e agora quero lê-lo, mas da próxima quero um dicionário junto, rs, mas não quero fazer uma crítica sobre o livro em si, porque não acabei de lê-lo, mas quero falar sobre algo que me chamou a atenção, o livro consegue ser clichê e não ser, tem o romance que faz sonhar, mas o que achei incrível é a visão da personagem sobre o tema do câncer, pois é, a protagonista tem câncer em fase avançada, mas esse não é um livro sobre auto ajuda e nem nada, ela simplesmente diz como vê o câncer, como se sente em relação a isso, o que acontece também no livro "Garotas de vidro" em relação a protagonista sobre anorexia, é uma visão clara e bem realista sobre como a pessoa vê essas situações da ótica de quem realmente vive essa situação, não é nada poético e nem lúdico, o que eu acho interessante, porque estamos acostumados a ver as pessoas escrevendo sobre "situações delicadas" de uma forma tão ficcional que é difícil vermos as coisas como algo, talvez, apenas, diferente, algo que não queremos viver, mas que acontece com algumas pessoas, nada realmente, de outro mundo.
Eu tenho obesidade e compulsão alimentar e preguiça, não é um câncer, uma doença que pode não ter "cura", meu caso é reversível, dizem pelo menos, mas eu não consigo ainda reverter esse caso e há alguns meses cogitei a possibilidade de ter transtorno de personalidade borderline, mas nada confirmado afinal não fui a um psiquiatra ainda e minha psicologa não pode me diagnosticar, mas cogitar essa possibilidade me fez ficar infeliz por um bom tempo, assim como saber que sou obesa, compulsiva e sem auto-estima, essas coisas sempre me incomodaram, não consegui simplesmente mudar mesmo estando incomodada com isso como muitos fazer, apenas convivi com isso e muitas vezes deixei isso ser maior, mas isso sempre foi problema meu, sempre, não há quem, por mais que queira, mudar isso por mim, então eu simplesmente aprendi deixar as pessoas de fora da minha situação catastrófica, os poucos pra quem pedi ajuda me arrependi depois, porque eu na verdade só enchi o saco deles, alguns até hoje eu ainda encho, rs, mas esses são pessoas que eu ainda acho que podem de algum modo me ajudar, e claro, não mostro tudo, apenas o necessário e eles respeitam isso, o que acho bom e eu sinceramente odeio as pessoas que agem por dó, pessoas que "aparecem" para te ajudar, eu não me sinto a vontade pra falar, elas não convivem comigo, nunca estiveram interessadas em mim, e porque quando eu estou mal elas aparecem? Me lembro de urubus e isso me dá arrepios, eu simplesmente não me abro e penso que alguns agem como que por culpa, tipo, nossa onde eu estive? Preciso ajudar. Eu não estive ao lado dela e talvez se eu estivesse ela não teria feito isso... (eu já pensei assim sobre algumas pessoas) e na verdade isso é uma grande bobeira, afinal ninguém tem culpa, quando eu fiquei sem comer por uma semana foi uma escolha minha, ninguém me obrigou, talvez situações tenham contribuído para que acontecesse, mas no final quem bateu o martelo fui eu e só eu e por isso ninguém precisa se sentir culpado, apenas eu...
E não gosto de pessoas que ficam se mostrando preocupadas comigo por algo, só não gosto, acho que tenho outras coisas do que falar e se eu não estou falando sobre isso talvez só não queira falar, perguntar uma vez ok, mas sempre não, eu não quero falar então não quero e fim, apenas isso, uma hora ou outra se eu quiser eu vou falar como aconteceu com a Carol, acho que ficamos uns dois meses sem conversar direito por falta de tempo mesmo, e no dia que saímos eu não me senti obrigada a contar que quase me matei e tudo mais que aconteceu, porque ela não me obriga a fazer um relatório sobre tudo, eu falei sim, contei tudo, mas porque eu quis, porque eu quis que ela soubesse do que eu passei porque ela estava comigo esse tempo todo mesmo sem estar, mas eu me dei o direito de que eu também poderia não contar, nós damos esse direito uma a outra e isso é incrível porque no final a depressão que eu passei não ver ser o assunto que teremos pra sempre, não será o começo e nem o fim de nenhuma ligação, talvez fique no meio, haha, mas nunca será o motivo de nossa conversa, não será um rótulo do tipo "preciso ligar pra Vivi pra ter certeza que ela não anda se cortando" e depois da informação desligar, ela pode até ligar pra saber, mas essa não será a única lembrança que ela terá de mim como eu não tenho só uma lembrança dela e isso, eu sei, é o que nos fará amigas pra sempre, sem exagero no pra sempre, e um dos motivos que me identifiquei muito com o "Garotas de Vidro" foi isso, eu percebi que eu simplesmente não precisava me obrigar a me importar tanto com os outros, me sentir tão culpada por escolhas que os outros fizeram e que eu não precisava me obrigar a me abrir com qualquer um pelo simples fato de que eu precisava me abrir, eu percebi que meus problemas são meus e fim, posso pedir ajuda, mas não sou obrigada a isso, e há um trecho bem triste do livro que me trouxe isso, triste, mas verdadeiro:

"Na boa? Eram dois fantasmas encerados horrorosos em papel de açougue. Eu sabia o que ele queria ouvir. Ele não suportava me ver doente. Ninguém suporta. Eles só querem ouvir que você está melhorando, está em recuperação, levando um dia de cada vez. Se você fica emperrada do 'doente', então deveria parar de perder o tempo deles e morrer de uma vez."
- Garotas de Vidro

Triste, não é? Nada poético, mas simplesmente real, vivo, essa é a verdade, e foi a partir daí que eu simplesmente parei de me culpar por ser tão fechada sobre o realmente sinto, parei de me sentir culpada por fechar meu blog, parei de culpar os outros por não se preocuparem comigo como eu queria que se preocupassem e parei de me sentir culpada por não me preocupar, hoje eu estou lutando, me sinto muito mais a vontade pra falar sobre todas essas coisas, porque eu falo porque quero falar e não espero preocupação de ninguém em troca, ao contrário repudio quem vier falar comigo depois disso SÓ por isso, repudio de verdade, porque quero pessoas da minha vida que se lembrem de mim além disso, além dessas todas coisas, que se lembrem com carinho da minha risada, dos meus abraços, das minhas discussões sobre conspiração, do meu amor por música, livro, Londres, 1D, Ed Sheeran, meu amor pela Igreja e por Deus...
E é por com a deixa desse desejo que partilho com vocês o trecho do livro "A culpa é das Estrelas" que desencadeio todos os pensamentos que resultaram nesse longo texto:

"Não dava pra distinguir claramente como ela era através daquelas homenagens, mas não parecia haver muito o que odiar - ela parecia ter sido, acima de tudo, uma doente profissional, como eu, o que me deixou com medo de que, quando eu morresse, eles não tivessem mais nada a dizer sobre mim exceto que lutei heroicamente, como se a única coisa que eu tivesse feito na vida fosse Ter Câncer."
{ - A Culpa é das Estrelas - John Green - }

Como disse hoje pra minha mãe:
"Não é porque alguém morreu, ficou viúvo, doente, gorda, magra demais, perdeu um braço, uma perna que ele simplesmente virou santo e não possuí mais nenhum defeito"