quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Você tem medo de que?

Sexta a Carol dormiu em casa.
No auge do meu sono resolvemos brincar de perguntas e respostas.
Uma fazia a pergunta, as duas respondiam e depois a outra perguntava e assim suscetivamente.
Uma das perguntas da Carol foi qual era meu maior medo e minha resposta foi: ter câncer.
É, pois é, esse é meu maior medo, por motivos pessoais e enfim, quero pegar o gancho dessa pergunta pra falar sobre outro medo que tenho, não é o maior, mas é bem grande.
Como digo, não me sinto efetivamente ligada a nenhum lugar físico, digo pra todo mundo que não tenho raízes, meu lugar é o mundo, minha última consulta com minha psicologa foi sobre isso, a necessidade que tenho de sentir, não acho e nem espero ser lembrada por nada, nem pelo abraço, nem pelo sorriso, nem por nada, mas eu preciso lembrar, lembrar de tudo, sentir tudo.
Quando fiz minha primeira tatuagem eu me encontrava em uma atmosfera diferente da de hoje, não quis a vida toda fazer uma tatuagem, mas naquele momento eu quis e ela traduziu o que eu sentia e não me arrependo de forma alguma, talvez teria feito com a minha letra, mas ela é como deveria ser e será assim sempre porque ela é parte de mim até o fim.
Eu tenho essa necessidade de me expressar, por isso eu tenho um blog, por isso eu tenho uma parede de lousa no meu quarto, por isso compro cadernos insanamente, por isso cada tatuagem tem um significado, porque eu sinto insanamente, eu explodiria se não pudesse colocar tudo o que sinto pra fora de alguma forma...
E acho que esse é dos meus grandes medos: não poder me expressar, não poder sentir.
Há um preço bem grande a se pagar por não ser igual, estava lendo agora que uma pessoa gorda desenvolve outras qualidades por não se enquadrar nos "padrões da sociedade", talvez seja isso que aconteceu comigo, eu sempre fui encanada com o fato de ser gorda, mas eu precisei, por sobrevivência, desenvolver outras qualidades, outros pontos de vista e isso me tornou diferente, diferente do que eu conhecia e isso nem sempre é fácil, quase sempre é difícil.
Eu nunca fui o tipo de pessoa que faz tudo porque simplesmente é legal, eu sou impulsiva? sim, claro que sou, mas mesmo na impulsividade eu coloco um valor sentimental enorme no que faço.
Tatuagens não são só tatuagens, faculdade não é só um diploma, uma viagem não é só uma viagem, passeios não só são passeios, uma música não é só uma música, um clipe não é só um clipe, um filme não é só um filme, um corte de cabelo não é só um corte de cabelo, nada pra mim é só alguma coisa.
Por mais que seja um planejamento rápido, o que faço é carregado de sentimentos e por isso, as vezes eu demoro tanto a realizar algumas coisas, é por isso que muitas coisas são tão importantes, é por isso que tem que ser pra valer.
Talvez eu seja assim porque desde pequena eu fui levada a sentir muita coisa e com intensidade absurda, talvez porque uma professora no primeiro ano do ensino médio, quando eu tinha 15 anos disse que ao sairmos pela porta já somos outra pessoa, que 'n' coisas, visíveis ou não, vem ao nosso encontro e isso nos faz mudar, nos faz crescer, nos faz outros, e por isso eu passei a levar a sério essa mudança e que tudo pode me mudar.
Eu tenho medo de um dia passar pela vida só por passar.
Tenho medo de ser privada de ser apenas eu, de poder sonhar, de poder amar de verdade.
Tenho medo de um dia confundir LAR com CASA.
Tenho medo de não sentir em minhas veias as experiências que me esperam, de não visitar os lugares que me encheram de vida, meus olhos de brilho, de não conhecer as pessoas que devo conhecer, de não amar tudo que virá, um dia, agora, depois de encontro a mim.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Quanto tempo dura

"Sentindo o meu caminho através da escuridão
Guiado por um coração batendo
Eu não sei onde a jornada vai terminar
Mas eu sei por onde começar"

A Carol me conhece há algum tempo, eu conheço ela a 3 anos mais ou menos, ela é minha irmã, minha melhor amiga, meu relacionamento pra vida toda.
Ela fez 18 anos ontem, eu fiz um vídeo que virou áudio pra ela falando o quanto sou grata a Deus pela vida dela, por ela ser minha amiga e o quanto me orgulho dela, algo pra ela, e só pra ela.
Aí hoje, eu fui olhar os recados que mandaram pra ela no face porque sou curiosa.
E preciso contar que foi estranho, nós temos alguns amigos em comum, e há um ano atrás mais ou menos tínhamos um "grupo de amigos", gente chegada com os quais saíamos sempre, gente que a gente se dava bem. Era algo bem legal, eramos amigos, amigos mesmo, mas eles não são mais nossos amigos, nem meus e nem dela, a gente não brigou, só afastou, ela se afastou antes, eu depois, nada combinado, aconteceu apenas, e alguns destes desejaram parabéns pra ela, alguns desejaram parabéns pra mim também em março, e é estranho ver palavras vazias desejando votos de felicidades nesta data que é especial pra gente que está fazendo e pra gente que está do nosso lado de verdade, votos de pessoas distantes, que não são mais nossos amigos (não só em relação a mim, ou só a ela, ou só sobre esse grupo, mas num contexto geral sobre isso) são tão vazios, pelo menos pra mim, eles são tão vazio como a vontade de voltar a ser um grupo, ser parte daquilo que já acabou.
A lembrança é boa, sempre é, foram momentos bons, mas eu não me sinto mais parte de tanta coisa, afinal.
Terça eu fui comprar um negocio e a Carol foi comigo, ela me disse que viu uma das meninas que "fazia parte do grupo", eu só disse 'ah, legal', então ela me perguntou se havíamos brigado e eu disse que não, então ela disse que sentia saudade dessa amiga e eu não disse nada, porque é isso que eu sinto: nada.
Acho que me acostumei a esse nada, nada as vezes é bom, ele me deixa livre pra caminhar, caminhar sozinha, seguir o que eu busco, sem dores, sem frustrações, só sendo eu, e me sentir assim não é algo que me permito com todos, principalmente com os que já se foram.
Há poucas pessoas que eu vou ter pra sempre na minha vida, poucas pessoas que mesmo depois de anos eu vou ter e senti-los como amigos, poucas pessoas que eu vou trocar sms freneticamente e feliz mesmo depois de meses sem conversar, poucas pessoas pra quem eu vou parar e dar uma carona até o fim da rua só porque eu quero poder falar com eles, pouquíssimas pessoas que eu vou ligar pra saber como estão, pouquíssimas pessoas que eu vou gravar um vídeo pro aniversário, pouquíssimas pessoas que eu vou colocar nos meus planos e contar meus planos, poucas pessoas que vão me fazer sorrir ao perceber que elas estão conquistando seus sonhos, poucas pessoas que eu vou contar meus segredos, poucas pessoas que eu vou abraçar de verdade, poucas pessoas por quem vou lutar, defender, lembrar, conversar, aconselhar, pouquíssimas² pessoas que o tempo vai durar pra sempre.

"Desejo poder ficar para sempre assim jovem
Não tenho medo de fechar os olhos
A vida é um jogo feito para todos
E o amor é o prêmio"