sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Sobre o espetáculo Ariel

Faz algum tempo que venho querendo escrever algo aqui, mas queria algo que não fosse um meio de "desabafar" como ódio ou indireta/direta pra alguém, mesmo que isso esteja sendo difícil levando em consideração o que tenho sentido ultimamente, mas hoje aconteceu algo tão lindo que eu achei digno de escrever.

Então vamos lá.
Tudo começou na pré-estréia de HP 7 parte 2.
Eu passei praticamente o dia no shopping a espera do filme, e entenda, eu sou dada, conversei com todo mundo, peguei face/twitter/msn/orkut de todo mundo, literalmente, e eu virei amiga da Glória, minha Tonks (ela estava de Tonks e ela será pra mim sempre a Tonks).
Depois de lá, nunca mais nos vimos, conversamos por msn e pelo face, não nos falamos muito, mas sempre uma lembrava da outra, perguntava como estava e sempre se alegrava pelas vitórias da outra, eu me entristeço de não ter sido presente o suficiente pra estar também nas tristezas, que sei que são momentos que precisamos de pessoas ao lado, mas eu estive com ela nas alegrias e sou grata por estar na vida dela, mesmo que por momentos pequenos, naquele dia de algum modo Deus me permitiu ter uma amiga escolhida a dedo, alguém especial, tão especial que dentre todos os amigos que eu poderia ter feito ali, ela foi a única a quem eu tenho contato até hoje e isso é estranho e gracioso ao mesmo tempo.
Ela dança, eu não sabia o quanto, e sempre quis ir numa apresentação dela, ano passado não consegui e esse ano eu fui.
Eu conheço alguns sonhos da Glória, eu conheço um pouquinho do que o coração dela é capaz de fazer.
Aí então quando eu vi ela naquele palco, sendo o peixinho que eu mais gostei da minha infância eu explodi de orgulho, eu sorri como uma boba, eu quase chorei de alegria e orgulho de ver ela ali, ela sorrindo, ela superando a dor de cada ensaio e se dando, se dando intensamente por aquele espetáculo, acompanhei pelo face dela quando ela machucou o pé, sofri por saber que ela estava mal por não poder dançar e me alegria imensamente quando ela postou a foto de que já estava conseguindo fazer ponta novamente, eu fiquei feliz porque eu sei que ela nasceu pra isso.
Quando eu vi ela ali naquele palco, não querendo ser uma estrela a brilhar, mas querendo ser quem ela realmente é, se expressando com verdade, com autenticidade eu vi, não nos olhos dela porque minha vista não é boa ao ponto, hahaha, mas eu vi nela que esse dom que ela possui é precioso, demasiadamente precioso, uma joia e eu fiquei feliz porque eu tenho CERTEZA que ela não vai desperdiçar esse dom, eu partilho um tantinho da preciosidade do coração dela e sei de alguns projetos que ela e Deus tem e eu fiquei imensamente feliz de ver a menininha vestida de Tonks se tornar uma gigante, uma linda gigante.
Fico feliz por ter tido a honra de estar lá, de ter a honra de tê-la na minha vida, mesmo nas pequenas conversas eu aprendo tanto com ela, me orgulho tanto.
E sinceramente, eu raramente me emocionei assim por ver alguém fazer algo, ouso dizer que NUNCA me emocionei assim, mas porque eu vi a verdade em você eu não consegui conter o sorriso sincero em te ver em suas sapatilhas e no tecido.
Te amo minha Tonks e quero ter dar um ENORME parabéns.
Parabéns pela peça que foi realmente linda, por cada passo da dança, não só os de hoje, mas cada um que te trouxe até aqui, parabéns por você ser quem é.
Saiba que estou aqui sempre, sempre realmente, para o que precisar, e mesmo na distância estarei cuidando de você com minhas orações e com meu sincero sentimento de amizade.
Te amo e acredito muito em você.
Grande beijo flor.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

"As vezes é melhor estar na escuridão do que cegar-se com a luz"

Ontem estava a ler uma fanfic* e a autora usou uma frase que não sei se é própria ou citação de outro autor, na verdade não achei referência, mas enfim, a frase é mais ou menos a seguinte:
"As vezes é melhor estar na escuridão do que cegar-se com a luz"
Essa frase tinha um contexto legal na história, que é um tanto dramática e infindável, mas ela tem ainda mais sentido em nossa vida.
Não que eu acho que devemos nos manter na escuridão, não, eu não acho isso, mas as vezes a verdade nos cega tanto quanto a escuridão da omissão.
Quem me conhece sabe que tenho muito interesse em conhecer e ajudar crianças especiais e suas famílias, busco sempre algo que me traga "luz" sobre o assunto, um tanto disso se deve ao fato de eu ter tido dois irmãos especiais e hoje não tê-los mais, e por esse interesse sempre que posso compro livros que falem sobre isso e neste domingo encontrei um livro que eu ainda não sei se é ficcional ou um relato, mas que é profunda e dolorosamente honesto.
Quem realmente procura sobre crianças especiais, quem procura com profundidade saindo do universo raso e poético da mídia se depara com pais honestos que sinceramente sabem da luta diária que é ter um filho especial, das batalhas, dos sofrimentos, dos "fins do mundo" e não, não são profundamente agradecidos por os terem, os amam com tudo, tudo realmente que tem, mas se pudessem escolher, pelo bem dos filhos e deles próprios, pediriam aos céus que os filhos fossem "normais".
Essa, dentro do que me abate, é a luz que me cega.
É tão comum ouvir nas redes sociais, na mídia sobre uma situação tão floriada e tão perfeita que chega a ser ridiculamente cômica pra quem honestamente convive com as dificuldades diárias, com o sobe e desce que geralmente é ter uma criança especial.
Eu tive dois irmãos especiais e sei que meus pais dariam a vida por eles, o amor que eles tinham e ainda têm por eles é tão grande que imagino ser comparado apenas com o de Deus a nós, mas amar não é ser feliz 24h, não é achar tudo lindo, amar é se decidir por amar e fazer das tripas um coração latente.
É chorar escondido, é, apesar da vergonha das crises de histeria estar e levar o filho pra todos os lugares porque maior que a vergonha é o amor.
Como em outro livro que li, este ficcional realmente, em que o personagem que sofria de uma severa deformação facial contava o ponto de vista dele diante das situações vividos por ele na sociedade, havia dele também o ponto de vista de outros personagens em relação ao personagem principal, era bonito? Era confortador? Caloroso? NÃO, mas era real, dilaceradamente real.
Outro sinônimo, pra mim pelo menos, de verdade é dilaceração.
Tenho me encontrada dilacerada ultimamente, dilacerada pela verdade que envolve os outros e diretamente a mim.
Tenho me mantido distante pra conseguir enxergar e pensar melhor e depois disso peso se vale a pena voltar e fazer parte de tudo aquilo, a resposta frequente tem sido que não vale mais a pena.
Outras vezes, porém, sei que não há outro lugar pra ir, só posso fazer isso, mesmo que a verdade seja intensamente diferente do que a mídia me ensinou a acreditar, sempre fui atraída pela verdade, mesmo que esta me cegasse.
Sempre achei muito mais válida a verdade de ser quem é do que a grandiosidade de ser um personagem aplaudido.
Hoje, talvez me encontre cega pelas verdades que encontrei, mas sempre achei que num mundo onde se fosse cego da visão as pessoas seriam realmente amadas pelo que são e não pelo que aparentam, que num mundo não víssemos poderíamos amar o deformado, o deficiente, o magro, o baixo, o alto, o loiro, o negro, o amarelo pelo que são por dentro e não por fora.
Estar na escuridão é sempre mais confortante, mais comodo, estar na escuridão, no fanatismo, na total e obsoleta dependência onde se exclui totalmente a culpa e o empenho de realizar as coisas, é mais fácil, é totalmente menos dolorido, mas é tão estupido, tão medroso.
Prefiro ser cega pela verdade e agir de modo como uma cega muitas vezes e estar cheia e completamente inteira da verdade no meu coração, na minha história, nas minhas ações.



*Fanfics são histórias escritas e publicadas na internet, a FANfic, geralmente se usa de personagens famosos, usando ou não fatos reais sobre a pessoa, mas a envolvendo em uma história ficcional com outros personagens, Fics, geralmente, são apenas histórias com personagens quaisquer. Esse tipo de história usa de linguagem, termos e modo de escrita próprios, como por exemplo o P.O.V. que nada mais é que o "point of view" - ponto de vista - de quem conta a história em determinado momento.