segunda-feira, 26 de agosto de 2013

o esquecer

Com o passar dos dias nós deixamos que o tempo, a correria, o deixar pra lá nos faça esquecer a nossa música favorita, nosso sonho favorito, nosso abraço favorito, nosso filme favorito, nosso livro favorito, nossa citação preferida, nossa saudade favorita, nossa pessoa favorita.
Deixamo-nos esquecer do que nos trouxe brilho aos olhos, da razão que nos fez começar, do sonho iniciado, da motivação que nos trouxe até aqui.
Abrimos os olhos e vemos o nosso presente, ansiamos um futuro, esquecemos do passado.
É tão mais difícil continuar sem algo que nos apoiarmos, é tão difícil continuar sem um sonho preferido pra correr atrás, sem um abraço preferido que você possa recorrer, sem um livro preferido que você possa mergulhar, sem o filme favorito que você possa assistir, rir e chorar, sem sua citação preferida pra você possa recordar e te dar força, sem sua música favorita pra que você possa fechar os olhos, sentar debaixo do chuveiro e cantar, sem sua saudade favorita pra que você deseje um dia reencontrar, sem sua pessoa favorita pra que você possa apenas, simplesmente, amá-la!
A vida sem brilho, os olhos opacos nos deixam menos vivos, somos como mortos levantando de suas camas.
Não deixemos que a vida nos leve, vamos viver a vida.
Me peguei sorrindo ouvindo uma música antiga do meu celular, me lembrei de tantas coisas, refiz emocionalmente um caminho que há muito percorri, revivi sonhos, acendi luzes, tirei o pó, me sentei a mesa, pedi um café e tomei em minhas mãos um livro de lembranças, sonhei de novo, alcei voo, não me rendi as cebolas do deserto, não repeti os pratos que deixei pela metade, não, não fiz isso, lavei os pratos, joguei a comida fora, assinalei numa lista o que me fez ter indigestão para que não seja boba de repetir, mas peguei essa mesma lista e vi tudo que não estava assinalado, tudo que sempre me fez bem e que apenas deixei pra lá, então fiz meu pedido e dessa vez não vou esperar a mesa, vou pegar as receitas e eu mesma correr atrás pra que os pratos fiquem prontos, tudo embalado ao que sempre me trouxe brilho aos olhos.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Que não espera por você"

Nesses últimos dias coloquei um playlist antigo pra tocar, e dentre as músicas - dos mais variados estilos, diga-se de passagem - estavam algumas músicas que eu gosto desde os meus 15/16, dentre essas a frase de uma música me chamou a atenção:
"Ao ver alguém partirQue não espera por você"
Antes de continuar o texto é necessário que se entenda que eu tenho o bom/mal habito de recolher frases nas músicas e atribuir a elas um significado pessoal, tirando elas do contexto musical que originalmente foram criadas e declamadas, pra levá-las a um contexto próprio, onde o significado é importante pra mim, vindo como resposta e resolução de algo que nem sempre condiz com o que todo o resto da música diz, como acontece com algumas frases das músicas do Ed, do 1D, do Skank, Capital, etc. Entendendo isso, tome a frase como única e não como um contexto, e assim sendo posso continuar a explicar o porque dessa frase me chamar a atenção.

Essa frase me despertou o desejo de falar sobre algo que há um tempo sinto: o ser passageiro.
Já escrevi muito sobre isso no meu outro blog, e se não me engano, já escrevi sobre o assunto, mesmo que pequenos comentários, aqui também, mas hoje quero aprofundar isso, preciso escrever aqui sobre isso.
Sempre sofri por não conseguir ficar pra sempre na vida de alguém, sempre chegava um ponto que eu simplesmente saía da vida das pessoas, sem brigas, sem magoas, eu só saía, me distanciava, isso me atormentava dia e noite, eu só não entendia o porquê disso, e sofria e sofria e não conseguia mudar, no fim entendi que eu era alguém que passava.
Eu apenas entrava na vida das pessoas por algum motivo, cumpria a missão e saía, deixava a pessoa livre e ficava livre.
Tanto que eu já conheci muita gente na minha vida, mas muita gente mesmo, tive amigos de nos considerarmos irmãos, assim como tive colegas que não significaram nada, mas que eu passei pela vida dessas pessoas, e de todos, sem exceção, a única pessoa - fora pais, irmão, sobrinhos -  que eu tenho certeza que vai estar pra sempre na minha vida é a Carol, só. Há pessoas que eu quero que fiquem, quero mesmo, mas que eu não tenho certeza se irão ficar, e quando eu entendi essa minha 'missão' de passar eu aprendi a utilizar ao máximo todos os momentos pra ser realmente feliz e fazer a outra pessoa feliz enquanto eu estava ali, eu aprendi a fazer meu máximo pra que fosse importante, porque depois, bem, o depois eu não possuo, eu possuo o agora e é nesse que eu preciso fazer as coisas valerem a pena e é aí que a frase entra.
Eu nunca fui a pessoa que ficou vendo o outro ir sem me esperar, ao contrário, sempre fui eu que fui e não esperei ninguém, sinceramente, não sei se isso é bom, eu só sei que isso sou eu.
Cresci querendo me casar, ter meus filhos, ter meu lugar, meu chão, mas hoje eu não me vejo assim mais.
Por mais bizarro que seja, eu não me vejo com alguém, não me vejo dividindo todos os meus dias com alguém, dividindo meus sonhos, minha história com alguém, não me vejo sendo mãe, tendo a responsabilidade de ser mãe, esposa, não me vejo tendo um chão pra criar raízes, não que ache que o casamento está fora de moda, ao contrário, defendo com a minha vida a instituição da família, mas eu não me vejo, hoje, nem namorando alguém, estando com alguém, eu me vejo sozinha, eu me vejo pra sempre sozinha e não me vejo em um lugar só, eu disse uma vez pra uma amiga que eu sinto que se eu não fosse de lugar nenhum, como se eu não tivesse raízes, como se eu fosse todos os lugares, é assim que eu me sinto, eu não me vejo em um lugar pra sempre, eu me vejo em todos os lugares em tempos diferentes, eu nunca gostei de títulos, algo que me limitasse a ser mais do que aquilo, eu sempre me permiti ser diferente, ouvir coisas diferentes, ler, assistir coisas diferentes, sempre permiti que minha mente se abrisse a horizontes desconhecidos, sempre firme aos meus princípios, minhas morais, mas sempre livre pra discutir algo a mais do que já havia 'mastigado', e tudo isso me fez ir em frente, dar passos em caminhos desconhecidos, seguir e seguir sozinha e por mais bizarro que pareça eu não me sinto mal por estar e imaginar estar sozinha pra sempre é algo que hoje, sinceramente, não me traz sentimentos ruins, na verdade me traz paz, é isso que eu sinto (digo sozinha em relação a relações entre pessoas e não em relação a Deus, espiritualidade, por favor, não confundam as coisas).
Talvez seja um momento, seja uma fase, vejo amigos entrando e saindo de relacionamentos como se isso fosse a coisa mais simples e importante a se fazer, ou se desesperando por estar sozinha, ou esquecendo de si e fazendo de tudo pelo(a) namorado(a) e fico me questionando se o problema está em mim, porque eu não me importo com isso, tá, as vezes penso que seria legal ter alguém do lado, mas aí eu peso todas as circunstâncias que decorrem de estar num relacionamento, coloca na balança meus sonhos, minhas metas, a minha vida e não consigo achar relevância tão grande assim em ter alguém, não uma relevância que não se limite, hoje, a uma carência, e não acho que alguém mereça sofrer sobre o peso da carência afetiva alheia e isso me faz ver que eu estou bem sozinha e que antes de ter alguém, eu preciso ter a mim, minha vida em minhas mãos, ter/conquistar meus sonhos, minhas metas, meus lugares e só depois, bem depois, ter alguém, se eu realmente achar alguém que a relevância dele em minha vida seja tão fundamental que eu queira dividir meus dias, minha história, meus sonhos, quem sou com ele, até lá eu ainda acho que eu entrarei na vida das pessoas e irei embora sem esperar por ninguém.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Sonhos

Agora pouco entrei no youtube pra ouvir alguma coisa, ouvir, porque poucas vezes vejo os clipes, apenas coloco músicas pra tocar enquanto faço algo, então dei uma olhada nos vídeos sugeridos da página inicial e lá estava um vídeo novo do Biquini Cavadão, muitas e muitas músicas deles me marcaram, não acompanho a banda, mas tenho um carinho ímpar por eles, pelo trabalho deles, por isso fui ver o clipe e me lembrei que há alguns anos tinha escrito um texto no meu outro blog sobre uma situação que estava passando e que as músicas deles se encaixavam como respostas ao momento que eu vivia, e que por incrível que pareça era uma situação um pouco parecida com a que estou hoje, uma situação de mudança e de decisão, então fui procurar o texto e achei.
Ele data de 19 de fevereiro de 2008, e dentre tantas coisas que escrevi ali, um trecho me chamou a atenção:
"E quando eu ouvi isso eu senti que era comigo que alguém estava falando, era como se Ele dissesse que meu sonho irá vir me buscar, que eu tenho esse ano para me arrumar, me preparar, que tem tanta coisa que me espera e que esse sonho vai me levar para longe , muito longe, porque meus planos são ambiciosos, porque eu quero ir para fora, eu quero poder mexer com a imaginação de outras pessoas, despertar alegria, ódio, tristeza, gratidão, vê-las chorar, rir, mudarem..."

A música a qual me refiro é "Vou te levar comigo" do Biquini Cavadão, e é estranho como o sentimento se reincendeia, não sei se meus sonhos são os mesmos, talvez eles se transformaram, talvez tomaram outros rumos, mas eles permanecem com a mesma essência, eles se destroem e se refazem, eles permanecem, de um modo diferente, mas de certa forma ainda o mesmo.
No momento que ouvi a música nova do Biquini senti como se aquilo, o fato de estar ouvindo novamente a música de uma banda tão querida em um momento parecido com ao de 5 anos atrás, me mostrasse que tudo daria certo, que não precisava ter medo, que as mudanças acontecem porque precisam acontecer, que eu mudo porque preciso mudar.
Eu não sou mais a Viviane de 18 anos que pensava que o mundo se transformava apenas com um piscar de olhos, sem real esforço, hoje eu não acho mais que tudo é simples, fácil. Eu cresci, eu mudei, amadureci. Hoje tenho 23 anos, mas eu ainda sei que meus sonhos são ambiciosos demais, eu ainda sei que eu posso ser quem eu quiser, e que se eu lutar, meu bem, se eu lutar eu vou conseguir.
Hoje não tenho mais tanto medo, mas tenho mais cautela, mas eu ainda acho meus sonhos irão vir me buscar, que eu vou pegar em suas mãos e vou pra longe, pra muito longe, vou pra lá onde só eu posso chegar e pelos motivos que só eu sei.
Como disse pra uma amiga:
Eu não me desgasto explicando porque pra algumas pessoas pode ser muito vazio, mas pra mim é totalmente cheio.
E eu só tenho uma certeza:
Tudo vai dar certo!

"As curvas no caminho, meus olhos tão distantes,

Eu quero te mostrar os lugares que encontrei
Como o céu pode mudar de cor quando encontra o mar

Um sonho no horizonte, uma estrela na manhã
De repente a vida pode ser uma viagem
E o mundo todo vai caber nesta canção

Vou te pegar na sua casa, deixa tudo arrumado
Vou te levar comigo pra longe
Tanta coisa nos espera, me espera na janela
Vou te levar comigo

Eu quero te contar as histórias que ouvi
E nas diferenças vou te encontrar
O amor vai sempre ser amor em qualquer lugar

Vou te pegar na sua casa, deixa tudo arrumado
Vou te levar comigo pra longe
Tanta coisa nos espera, me espera na janela
Vou te levar comigo"

Apelar

Esses dias eu estava na livraria e minha amiga que trabalha lá me disse:
'Compra esse' indicando um livro que continha uma mensagem de Jesus pra todos os dias.
Eu disse não, não quero.
Ela perguntou o porque e eu disse, porque é apelativo.
Talvez quem leia isso ache que eu sou contra a Igreja, nada, nadeca cristã, mas veja bem, eu sou Católica Apostólica Romana, filha e serva da Igreja, como o Papa disse: a minha opinião é a opinião da Igreja.
Eu, durante 4 anos, estive num caminho formativo de uma comunidade de vida e aliança.
E sou, graças a Deus, muito inteligente e curiosa, vindo a isso a conclusão de que eu sei muita coisa sobre a Igreja, seu magistério, o Catecismo, sobre a vida de alguns santos, sobre o que a Igreja é e pensa, como sei também sobre outras denominações religiosas, porque eu procuro saber do que eu falo antes de falar, eu busco fontes confiáveis, eu busco e procuro saber do que eu digo e por isso eu tenho certeza da fé que eu tenho, do que professo e creio da Igreja, em Jesus, na Trindade, em Maria, na intercessão dos Santos, na proteção dos Anjos, em milagres, em Deus, eu acredito e nada me tirará dessa fé, porque pra mim, ser Igreja não é algo que eu posso escolher se quero ou não ser, é o que sou e sempre serei.
Mas um dia eu li uma frase que me fez muito sentido:
"Deus não tem facebook"
Não adianta eu ficar falando de Deus, de Jesus, ficar falando e falando e não viver, de nada adianta. "As palavras convertem, o testemunho arrasta"
E pode parecer aos olhos de muitos um que de relativismo, mas eu procuro de toda a minha alma ver Deus onde Ele se esconde, onde ninguém mais procura, num sorriso, num abraço, naquela música daquele cantor que todo mundo julga, nas palavras sinceras de amor daquele que ninguém espera, no pai que apenas ama, naquele que chora por saber que errou, mas que busca o amor, eu busco Deus nos livros, busco Deus e tento levar Deus pra aqueles que não sabem ainda o que é o amor, busco levar Deus da maneira que eles podem ver, veja você que se eu quiser empurrar uma bíblia guela abaixo ele vai embora e nunca mais se deixa aproximar de alguém que seja cristão, essa é verdade, eu tento mostrar Deus como amor, como o verdadeiro amor, eu busco mostrar Deus amando, e eu sei que quando a pessoa entender que há algo que eu tenho e que ela precisa pra preencher esse vazio que ela tem, que eu tenho e que o mundo todo tem, ela vai me perguntar e aí ela estará pronta, não pra engolir a bíblia, mas a amá-la.
E sobre acreditar piamente que Deus se esconde onde ninguém vê, sabe, eu não substimo Deus, e eu acho que Ele não é rude ao ponto de fazer um ser a sua imagem e semelhança e nem por um momento sequer usar do seu sopro leve pra que essa pessoa um dia, nem que por um momento, ela transmita a sua essência que é amor.
Não esperem de mim declarações como dos outros, explicitas, apelativas, as vezes elas ocorreram sim, quando eu achar necessário, mas todas as outras vezes esperem de mim apenas amor.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

o poder

As palavras sempre tiveram um poder anormal sobre mim, todo o tipo de palavra, escrita, cantada, rabiscada, dita, acho que a de menor peso sempre foi a dita, mas elas nunca deixaram de ser poderosas, um dos motivos eu acho que é por que sempre tive medo de esquecer.
Lembro-me que quando perdi meus irmãos eu dizia pra minha mãe que tinha medo de esquecê-los, esquecer que tive irmãos.
Meu irmão mais velho eu convivi 15 anos, mas o caçula foram menos de 11 meses, e eu tinha e ainda tenho medo de esquecê-los, esquecer seus rostos, por isso eu me forçava a lembrar deles, eu me forçava a sentir dor porque assim não os esqueceria, e hoje, por incrível que parece, um dos poucos rostos que lembro mais claramente é o deles, da minha infância eu tenho poucas lembranças, as poucas, a maioria é com eles, eu não os esqueci, e esse medo de esquecer me fez começar a escrever, escrever também pra fugir, pra deixar sangrar.
Meus textos são e sempre serão bem pessoais, é impossível não me enxergar neles, não me ver escrevendo-os, eles são uma extensão de mim, eles são a mim. As palavras não brotam, elas escorregam de mim, elas falam de ódio, falam de amor, falam de escuridão e falam de luz. Elas falam disso porque elas falam de mim, assim como as palavras dos outros falam delas e é por isso elas são tão poderosas, pelo menos pra mim.
Quando ouço uma canção eu não me prendo só ao toque, eu procuro a letra e me coloco sentada num balanço de baixo de uma árvore ao lado da música pra que ela me conte mais do que as suas linhas possuem, pra que ela me conte a verdade, pra que ela me fale sobre o que vai além. Do mesmo modo faço com os livros, eles são mais que páginas com letras impressas, eles contêm uma alma, uma história que se entrelaça com a alma de quem a escreveu, ela se entrelaça com a minha alma e é preciso tratá-la como algo maior que apenas palavras amontoadas com um sentido explicito, elas vão além, todas vão, e essa riqueza de poder tocar a alma de alguém é algo que me fascina desde a infância.
Lembro-me que minha professora de português do fundamental tinha uma caixa de livros e nos obrigava a lermos alguns a cada passar de meses, lembro-me que li vários, mas o que mais me chamou a atenção não me recordo o nome, só o enredo, me recordo que a protagonista dizia que somos aquilo que acreditamos e que o que acreditamos se torna real, não me lembro de jeito maneira o nome, mas lembro sua essência, lembro a verdade que ele trazia a mim, e foi assim que aprendi que palavras são mais do que como são publicadas, aprendi que o erro não é esquecer o formato, o rosto, mas esquecer a essência, nunca direi com exatidão uma frase, uma história, por mais que ela me marque profundamente, sempre a direi como a vejo, como ela é atrás de toda a roupagem, assim também com as palavras ditas, elas talvez não sejam tão importantes pra mim, porque aprendi a longas penas, que nem sempre falamos com a alma, mas apenas com o impulso, e essas palavras não tem real significado, não merecem ser aprofundadas, assim como os status rápidos das redes sociais, eles só são palavras fiadas, sem importância, sem alma, não merecem demora de quem as assisti.
Desde quando aprendi tudo isso, mesmo que inconscientemente e instintivamente, eu comecei a buscar a essência das coisas, o que elas diziam de verdade, a árvore que se balança, o vento que sopra ao meu rosto, o amigo que olha com carinho, o livro que se entrega aos meus cuidados, o cantor que deixa vazar a alma, o pecador que tem alma, a essência sempre foi mais importante, sempre, e as vezes, essência não se explica, só se sente, e sentir não é algo fácil de retalhar e mostrar, talvez por isso eu tantas vezes apenas me calei diante da pergunta, diante do choque. Do que adianta tentar explicar, do que adianta mostrar como vejo, as pessoas não tem a minha alma, não tem meus olhos, elas são elas e isso as faz diferente, e elas nunca vão entender porque me expressar é tão importante, porque escrever é algo que eu não posso abrir mão, elas nunca vão entender porque eu entendo com tanta facilidade, elas nunca vão entender o porque eu insisto em amar o diferente, porque eu insisto em ser diferente, porque insisto em ser eu, insisto em não me anular e porque as vezes eu insisto em não explicar, porque as vezes eu insisto em só sentir.
Acho, de verdade, que todas as palavras já estão lá, só esperando que o véu se rasgue e elas apareçam, é como as cicatrizes, elas existem desde sempre, eu tive uma pequena, minuscula fase de auto-mutilação, não foi realmente uma auto-mutilação, apenas me feri algumas vezes, mas eu sinto que minhas cicatrizes existem debaixo de minha pele, elas não precisam sair, elas já estão lá. Por exemplo, eu sinto que há uma em mim mim que pega todo o meu antebraço direito, na parte interna, não me pergunto como eu sei que existe, como a sinto, apenas sei que há uma fenda lá, uma ferida aberta, não física, mas psíquica, eu sei que ela é fruto da minha mente, mas ela existe, ela nunca vai ser exposta, mas ela existe desde sempre, e há outras em meu corpo, escondida aos olhos, visível a alma, e é assim também vejo as minhas tatuagens.
E quando me questionam sobre tirar tatuagens, digo que acho besteira, porque as pessoas podem não mais ver, mas você sempre irá saber que ela esteve lá e que sempre estrá mesmo que agora não mais visível, então do que adianta realmente?
Sobre as minhas elas não vão deixaram de existir se apagá-las ou não fazê-las, porque elas já estão lá, cada uma, para mim elas não são só arte, elas são expressões, elas são, as já feitas e não feitas, palavras com almas, com a minha alma, minha expressão.
Pra algumas pessoas pode ser uma coisa fútil, e na realidade pode até ser, mas pra mim não, elas existem dentro de mim, algumas pessoas tatuam onde não conseguem ver pra não enjoarem, já as minhas sempre serão visíveis aos meus olhos, porque elas já são há muito tempo visíveis a mim, dentro de mim elas sempre foram, e mesmo que a partir de hoje eu nunca mais tatue nada, na verdade todas, todas as que fiz e que não fiz já estão em mim, de um modo que ninguém pode ver, mas elas existem, e toda vez que eu olhar pra o lugar que elas residem, mesmo que elas não estejam visíveis, eu as vejo, eu as sinto, assim como cada texto que escrevo. Sempre digo que quando eu namorar não quero aliança, não quero porque isso é mostrar pra alguém, aceito até um simbolo, um colar talvez, mas não um anel, porque não tem que ser pros outros, minhas tatuagens não são pros outros, elas são pra mim, são pra Deus, meu modo de falar com ele, assim como meus textos, pra Ele, mas não pros outros, por isso acho que nunca me preocupei realmente que me entendessem, nunca me preocupei realmente de explicar o significado, porque isso na verdade é insignificante pros outros e realmente é tudo pra mim.
Nunca irão me ver indo até um cantor ou um autor para perguntar o que ele quis dizer com determinada frase, personagem, pessoa, porque não me importa, só me importa o que significou pra mim, importa o que disse a mim, isso pode ser visto como relativismo, mas sério do que me importa o que pensam? bem, nada! Porque eu sei há uma verdade em toda a essência e ela não é mutável.
Acho que por isso sempre fui mal em interpretação de texto, nunca disse o que meus professores queriam ouvir, eu dizia o que entendia, eu dizia o que sentia, eu dizia sobre a alma que ali eu recolhia, e sentir não é algo que se tenha por série, é único, e eu nunca me rendi a massa da interpretação, sempre busquei mais, a contrapartida sempre me coloquei a ouvidos, posso não gostar de explicar, mas admiro uma boa partilha e explicação, não que eu me renda ao modo que o outro vê, mas me abro a ver além, além da onde minhas feridas me impedem de ver, aprendi a ouvir e aprender com o outro, isso é valioso, as palavras são valiosas, sua essência na verdade é pura e ao mesmo tempo carregada da realidade e  da verdade, da verdade de cada um.
Por isso sou movida pela música, embalada pela dança, apaixonada por palavras, estampada por frases, amante de filmes, introspectiva num verso.
Bem eu sou assim, bem, eu serei sempre assim, e talvez nunca ninguém entenda, mas bem, veja você, que eu não me preocupo com isso, me preocupo muito mais de não me deixar ser impedida de ser assim.

Ps: se eu tivesse todo o dinheiro do mundo, teria uma casa confortável, um carro bom e todo o resto gastaria em livros, filmes, viagens e numa árvore, porque minha alma não chora por dinheiro, na verdade ela chora por almas, pela essência.

das necessidades

E eu poderia viver sem tudo, tudo mesmo, sem comida, sem água, sem teto, mas se me tirassem o direito de escrever, o direito de me expressar através das palavras, seja onde quer que elas precisem ser escritas, bem me dariam de presente a morte, porque estaria fadada a enlouquecer, a não deixar que tudo saísse e isso só teria um resultado.

domingo, 4 de agosto de 2013

'It's too cold outside for angels to fly

... For angels to die.'

Essa música veio de encontro comigo e simplesmente me marcou de uma forma que acho impossível um dia esquecê-la.
Eu gosto das músicas do Ed, não só por ele ser ruivo, não só por ser britânico, mas por elas serem VERDADEIRAS.
Na música atual se vê muitos astros, muita dança, muito chiclete e vê se pouco verdade, música, acordes, coração rasgados transformado em canção, mas eu vejo isso no Ed, ele não é perfeito #GRAÇASADEUS, mas suas músicas de certo modo são e essa, como muitas outras dele, não traz paz ao ouvi-la, mas traz questionamento; ela, como a maioria, não traz palavras polidas, cultas, e nem a inexistência de palavrões, mas ela me atacou, ele me ataca com suas músicas, me tira do eixo, me faz chorar, me faz pensar, me faz olhar em volta e por mais contra-texto que isso seja me fez sonhar.

A menina da música que ele canta em Little Lady é a mesma de The a Team, o refrão, vejam, é o mesmo e a sua história é contada nas duas, em The a Team ela é contada com mais cuidado, como se fosse uma sinopse de um grande livro, já em Little Lady - essa sim me atacou e me esbofeteou - Ed canta com Mikill Pane e contam como foi a vida dessa menina que foi para uma grande cidade para estudar, como sua mãe sempre sonhou, e é entregue nas mãos de seu tio, alguém que devia zelar por ela, amá-la como uma filha e pelas mãos deste é obrigada a se prostituir, a se vender, a se trocar por trocados que nem se tornam seus e com o pouco que recebe aprende rápido a fugir da realidade com a ajuda de uma amiga branca esfarelada.
Vive num silêncio amargurante com medo de morrer nas mãos de seu algoz, não pode procurar ajuda médica para cuidar de seus inúmeros machucados, tão pouco dizer a verdade em sua casa, já que sua mãe acha que ela vive bem em seu sonho de verão, e quando ao quase morrer na rua é ajudada e interrogada e levada a acreditar em uma esperança longinquá mas que brilha em algum lugar, mas que tendo que voltar a sua casa encontra ali que pra ela não há uma esperança, mesmo que seja seu aniversário, mesmo que ela não tenha escolhido isso pra ela, mesmo que ela não merecesse viver o que viveu, mesmo que ela merecesse algo melhor, mesmo que ninguém mereça passar por isso, ela encontra sua realidade, triste realidade que ultrapassa a linhas de uma música e vive na carne de muitas meninas que foram arrancadas da sua inocência, da sua infância, dos seus sonhos e do amor, ela encontra com seu algoz e por ter ganhado um cartão com escritos que se assemelhavam a luzes verdes de esperança morre porque um dia alguém quis dar-lhe a liberdade, morre mesmo rejeitando a ajuda por medo de morrer.

Essa música me esbofeteou porque ela é verdade, não é um conto, não é uma lenda, ela é real e tem meninas por aí que não tiveram a sorte que eu tive de conhecer meus pais, ter amor, ter família, ter amigos, ter escolha, elas estão por aí, muitas com sua amiga branca farelenta e outras com amigas afiadas que a afastam da dor, todas sozinhas sem ninguém por elas...

Me esbofeteou porque não sei mais o que estou fazendo de minha vida, será que é só isso? Será que é só pensar em alguém, será que é só pensar em mim?

Ela me fez, em contra-texto, sonhar porque me fez lembrar o porque de um sonho, o pra que deste sonho, e não é a toa, nunca foi, eu sei que se eu for eu não volto, mas eu sei o porque estarei lá, ou porque estarei aqui, porque essa música me fez lembrar.

Vejo nos noticiários hoje que um grande poeta da música morreu, sua prima disse que 'ele não queria morrer sozinho', ninguém o quer, nem ele, nem eu e nem elas...

"Está muito frio lá fora para anjos voarem...
Para anjos morrerem..."

(Esse texto foi escrito originalmente no dia 06 de março de 2013 no meu blog pessoal/privado, mas revendo-o decida não deixá-lo apenas lá, então reproduzi-o aqui na data presente)