... For angels to die.'
Essa música veio de encontro comigo e simplesmente me marcou de uma forma que acho impossível um dia esquecê-la.
Eu gosto das músicas do Ed, não só por ele ser ruivo, não só por ser britânico, mas por elas serem VERDADEIRAS.
Na música atual se vê muitos astros, muita dança, muito chiclete e vê se pouco verdade, música, acordes, coração rasgados transformado em canção, mas eu vejo isso no Ed, ele não é perfeito #GRAÇASADEUS, mas suas músicas de certo modo são e essa, como muitas outras dele, não traz paz ao ouvi-la, mas traz questionamento; ela, como a maioria, não traz palavras polidas, cultas, e nem a inexistência de palavrões, mas ela me atacou, ele me ataca com suas músicas, me tira do eixo, me faz chorar, me faz pensar, me faz olhar em volta e por mais contra-texto que isso seja me fez sonhar.
A menina da música que ele canta em Little Lady é a mesma de The a Team, o refrão, vejam, é o mesmo e a sua história é contada nas duas, em The a Team ela é contada com mais cuidado, como se fosse uma sinopse de um grande livro, já em Little Lady - essa sim me atacou e me esbofeteou - Ed canta com Mikill Pane e contam como foi a vida dessa menina que foi para uma grande cidade para estudar, como sua mãe sempre sonhou, e é entregue nas mãos de seu tio, alguém que devia zelar por ela, amá-la como uma filha e pelas mãos deste é obrigada a se prostituir, a se vender, a se trocar por trocados que nem se tornam seus e com o pouco que recebe aprende rápido a fugir da realidade com a ajuda de uma amiga branca esfarelada.
Vive num silêncio amargurante com medo de morrer nas mãos de seu algoz, não pode procurar ajuda médica para cuidar de seus inúmeros machucados, tão pouco dizer a verdade em sua casa, já que sua mãe acha que ela vive bem em seu sonho de verão, e quando ao quase morrer na rua é ajudada e interrogada e levada a acreditar em uma esperança longinquá mas que brilha em algum lugar, mas que tendo que voltar a sua casa encontra ali que pra ela não há uma esperança, mesmo que seja seu aniversário, mesmo que ela não tenha escolhido isso pra ela, mesmo que ela não merecesse viver o que viveu, mesmo que ela merecesse algo melhor, mesmo que ninguém mereça passar por isso, ela encontra sua realidade, triste realidade que ultrapassa a linhas de uma música e vive na carne de muitas meninas que foram arrancadas da sua inocência, da sua infância, dos seus sonhos e do amor, ela encontra com seu algoz e por ter ganhado um cartão com escritos que se assemelhavam a luzes verdes de esperança morre porque um dia alguém quis dar-lhe a liberdade, morre mesmo rejeitando a ajuda por medo de morrer.
Essa música me esbofeteou porque ela é verdade, não é um conto, não é uma lenda, ela é real e tem meninas por aí que não tiveram a sorte que eu tive de conhecer meus pais, ter amor, ter família, ter amigos, ter escolha, elas estão por aí, muitas com sua amiga branca farelenta e outras com amigas afiadas que a afastam da dor, todas sozinhas sem ninguém por elas...
Me esbofeteou porque não sei mais o que estou fazendo de minha vida, será que é só isso? Será que é só pensar em alguém, será que é só pensar em mim?
Ela me fez, em contra-texto, sonhar porque me fez lembrar o porque de um sonho, o pra que deste sonho, e não é a toa, nunca foi, eu sei que se eu for eu não volto, mas eu sei o porque estarei lá, ou porque estarei aqui, porque essa música me fez lembrar.
Vejo nos noticiários hoje que um grande poeta da música morreu, sua prima disse que 'ele não queria morrer sozinho', ninguém o quer, nem ele, nem eu e nem elas...
"Está muito frio lá fora para anjos voarem...
Para anjos morrerem..."
(Esse texto foi escrito originalmente no dia 06 de março de 2013 no meu blog pessoal/privado, mas revendo-o decida não deixá-lo apenas lá, então reproduzi-o aqui na data presente)
domingo, 4 de agosto de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário