Eu sempre fui alguém bem social, com muitos conhecidos, alguns amigos.
Sempre gostei de falar e falar, esses dias mesmo, um amigo disse que sentia falta da minha tagarelice, mas eu sinto como se sempre tivesse sido alguém que falava pra fora, como se minhas palavras e meus relacionamentos começassem de um ponto pra frente e nunca do fundo, do zero de mim mesma em diante.
Lembro-me que em 2008 eu tive um início de fobia social, eu fazia cursinho e tinha que caminhar umas 3 quadras mais ou menos até o ponto onde pegava o ônibus e durante esse percurso eu ligava pra minha mãe e ficava falando com ela até pegar o ônibus, raramente não ligava pra minha mãe, e raramente conversava com alguém no ponto, mesmo as pessoas que estavam lá, na sua maioria, fizessem cursinho no mesmo lugar que eu, simplesmente tentava ignorar a existência de outras pessoas, não sei se por medo de ser rejeitada ou por outro motivo, não sei ao certo, mas eu simplesmente tentava me manter num universo que não permitia a entrada destas pessoas. Durante os 3 meses que fiz o curso foi mais ou menos isso que aconteceu,eu também muitas vezes ficava 'fazendo hora' no prédio do curso pra que quando fosse pro ponto não houvesse ninguém, outras vezes eu ia com uma amiga na rodoviária e pegava um ônibus num ponto próximo de lá e assim foi seguindo por esse período.
Graças a Deus essa fobia, depois de um tempo, não evoluiu ao ponto de eu passar por uma rua e suar frio pelo simples fato de existirem pessoas lá, ao contrário, a fobia diminuiu consideravelmente e me sinto bem confortável vivendo em sociedade, tenho muita facilidade de criar laços, de me relacionar, de conversar, enfim, eu sou uma pessoa bem social hoje, mas esses dias tenho me questionado até que ponto essa minha socialização vai, até que ponto eu realmente sou social.
Já disse em outras publicações que eu as vezes me canso das pessoas, que me afasto sem motivo, simplesmente continuo e não me importo de deixar os outros pelo caminho, que não sou alguém pra vida toda, e que, as vezes, eu sou alguém pra ninguém.
Ultimamente tenho estado realmente cansada das pessoas, de algumas em especial mais que o comum. Tenho estada cansada de relações de toda a espécie em sua maioria, algumas, na verdade, me são indiferentes, mas outras, ainda, me despertam saudades e me fazem bem quando estou com elas, e sobre outras eu, apenas, quero um tempo delas.
Tenho o desejo infinito de dar um tempo em todas as redes sociais, umas porque estou cansada de conversar e em outras porque me cansei de me preocupar tanto com a vida de algumas pessoas e ter esquecido a minha.
E é aí então, depois de todo esse emaranhado de pensamentos que encontrei uma resposta de um questionamento interior.
Com o tempo você se acostuma a se preocupar em demasia com os outros e esquece de si.
É assim com qualquer pessoa, é assim com toda pessoa.
A gente se preocupa com o outro, se preocupa se ele está bem, se preocupa com o que ele pensa sobre ele, sobre o mundo, sobre a gente e aí nos prendemos a uma rede venenosa, nos esquecemos da gente, nos preocupamos tanto em não machucar o outro e nos preocupamos tão pouco em machucarmos a nós mesmos, nos preocupamos tanto em saber e ajudar o outro e nos esquecemos de saber sobre a gente mesmo e de nos ajudar, e é aí que os fios se arrebentam.
Não digo que precisamos viver egocentricamente ao ponto de não importarmos em nada pelo outro, em não pensar e não se importar em como afetaremos alguém com determinadas atitudes, em apenas satisfazermos nossas vontades ou algo derivado desse ponto de vista, mas digo que as vezes, e sempre, precisamos pensar em nós, colocarmo-nos em um ponto em que eu pense em mim, que eu me conheça, que eu lute por mim, porque se não vamos chegar num ponto onde não seremos mais alguém, um individuo, mas sim uma pessoa terceirizada que vive para e em prol, apenas, de uma terceira pessoa (por favor, não estou falando de Deus, estou falando de pessoas com quem convivemos 'carnalmente'), e acho que viver assim, terceirizado, é realmente de uma tristeza sem tamanho.
Por esse motivo, eu acredito que tenho vivido num momento onde me basto, onde quero estar comigo apenas e somente, com raras exceções, momento que tenho me questionado sobre perguntas tão banais, mas que não sei responder, como por exemplo "qual é meu lugar favorito?", "qual minha comida favorita?", "qual minha pessoa favorita?", "qual seria meu dia perfeito?", "qual a fruta que mais gosto?", "qual foi meu pior dia?" e perguntas do gênero, perguntas um tanto tolas, eu sei, mas que só eu sei responder, ou estou procurando saber, perguntas que, essencialmente falando, dizem tanto sobre mim, perguntas que eu saiba, talvez, a resposta quando elas são sobre outras pessoas, mas que eu esqueci de responder quando elas foram sobre mim.
Este momento que estou vivendo é tão precioso, tão propicio a ser um dos melhores momentos da minha vida, um momento absolutamente solitário, mas ao mesmo tempo tão povoado. Povoado de Vivianes, Vivianes passadas, Vivianes presentes, Vivianes futuras, Vivianes que só eu conheço e Vivianes que só eu posso vir a conhecer.
Neste dias tenho gostado de dirigir sozinha pra lugar nenhum e com a companhia apenas de Deus e das minhas músicas favoritas.
Tenho gostado de ler meus livros, pensar e reformar.
Tenho gostado desse tempo, tenho gostado cada dia mais de mim.
E, acredito, que não excluí nenhuma rede social, mesmo infinitamente querendo, porque mesmo cansada de pessoas eu sei que não posso me excluir do mundo, da sociedade e que, as vezes, eu preciso manter certas conversas porque mesmo querendo estar sozinha não tenho o direito de simplesmente sumir da vida de alguém sem ter realmente um motivo para isso e sumir assim deixa feridas em quem foi abandonado, e ferir não é minha intenção, então as vezes, mesmo cansada, preciso conversar porque do outro lado alguém precisa falar e vê em mim alguém que sempre esteve ali e que precisa continuar a estar, mantenho as RS também porque há alguns com quem, algumas vezes, quero conversar, quero estar ali com eles, assim como fora dessa realidade há pessoas que, as vezes, também quero estar, que no meu mundo de solidão eu deixo que eles se sentem a mesa comigo, ou que deixo que se sentem no banco do passageiro do carro enquanto eu viajo, porque há pessoas que nunca interromperam meu silêncio, nunca quebraram meu pensamento, que só me olham e eu conseguo sorrir e, as vezes, conversar nestes momentos.
Eu gosto que estes estejam ali povoando minha solidão.
Nestes dias tenho querido a companhia das músicas da Gabrielle Aplin, em especial da música "Please don't say you love me", não por um motivo especifico, mas por um todo, os acordes são calmos, sua voz me faz refletir e a letra é algo que eu concordo e penso igual há muito tempo.
"Palavras pesadas são difíceis de aguentar
Sobre pressão coisas preciosas podem quebrar
E como nos sentimos é difícil de fingir
Então não vamos entregar o jogo"
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário